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A tocar...

Esta semana publiquei posts sobre uma série passada durante a dinastia Joseon e sobre uma designer coreana que se dedica a produzir hanboks usáveis durante o dia a dia. Hoje, seguindo a mesma linha destes dois posts, vou falar sobre um género musical tradicional coreano e que tem vindo lentamente a sofrer adaptações de forma a conquistar o público de hoje em dia.
Pansori, o tema do post de hoje
É verdade, hoje vou falar do pansori. Quem é que já ouviu falar do pansori? Pansori (판소리) é um género de narração cantada, também conhecido por “ópera popular coreana”. É executado por um cantor (sorikkun) e por um percussionista (gosu). Inicialmente, era um forma de entretenimento para as camadas mais baixas da população, mas no século XIX também a ter como público a elite coreana, numa época que é considerada como a época dourada do pansori. Em 2003 foi considerado Património Cultural Imaterial da Humanidade, à semelhança do fado (2011) ou do cante alentejano (2014). Pansori vem de pan (), “situação em que muitas pessoas estão reunidas” ou “música composta por vários tons” e sori (소리), “som.”
Crê-se que teve origem no século XVII durante a dinastia Joseon. Os primeiros cantores seriam artistas de rua e afins. No século XX, com a ocupação japonesa, o pansori era censurado quando se referia à monarquia coreana ou ao nacionalismo. Depois, com o cinema, a Guerra da Coreia, entre outros, a popularidade do pansori decresceu, e foi preciso medidas como a declaração do pansori como “Propriedade Cultural Intangível” e o reconhecimento dos cantores de pansori como “Tesouro Nacional Vivo” para preservar a tradição do pansori. Já no século XXI, têm sido feitas fusões de estilos musicais com o pansori de modo a revitalizar este género e a conquistar um novo público, mais jovem e atual.

No século XVIII foram estabelecidos 12 madang (마당) ou ciclos de canções como fazendo parte do repertório de pansori. Desses 12, apenas 5 são atualmente representados:
  • Chunhyangga, sobre Chunhyang, a filha de uma gisaeng (artistas femninas que entretêm os homens) que se casa com um magistrado distrital;
  • Simcheongga, sobre Simcheong e o seu pai, cego mas que recupera a visão;
  • Heungbuga, sobre a bondade de Heungbu para com uma andorinha;
  • Sugungga, sobre o Rei Dragão do Mar do Sul que precisa do fígado de um coelho para se curar de um achaque;
  • E Jeokbyeokga, história heroíca baseada no Romance dos Três Reinos.

Leiam as descrições dos vídeos. Em relação aos últimos dois vídeos, têm legendas em alemão e coreano. Deixo-vos ainda um documentário sobre o pansori:
Bom feriado!




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